sábado, 25 de dezembro de 2010

FELIZ NATAL
E
UM GRANDE 2011

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010


Mais um grande filme, com boas interpretações.
(imagem adaptada de http://www.imdb.com/title/tt0947798/)

Nostalgia de um passado recente

A saudade de não te ter aqui, perto de mim. Tudo parece tão distante, tudo é tão inverosímil, agora que não te sinto aqui. Será que chegou a acontecer? Será que já estiveste comigo?

O Sono é leve e subtil, vem e volta numa insónia inconstante e é nele que se baseiam as minhas noites. Aos poucos a noite vai chegando e tudo desvanece à minha volta, restando-me apenas as memórias. As memórias de momentos vividos, de tempos passados e de minutos contados.

A nostalgia de um passado recente assombra-me e tudo é mais intenso. Cada cheiro, cada palavra e cada interrogação impregna-se nos meus poros e deixa-me sonhar.

Fazes-me falta e é essa falta que alimenta a minha esquizofrenia. Sou o que não quis ser e sinto o que ousei negar.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Reencontros

Eu estava a cerca de quatro metros de distância da porta de entrada, mas o seu cheiro já me intoxicava sendo inconfundível, Reconhecendo-a pelos olhos e pelos seus finos lábios. Vinha acompanhada pelo Simão como seria de esperar.
(...)
Finalmente pude senti-la nos meus braços, senti-la como nunca antes sentira. Éramos apenas nós naquele baile, todos os outros tinham desaparecido e por momentos soltávamo-nos dos nossos casulos e deixamo-nos profanar. A música guiava-nos em passos meticulosa e subtilmente pensados. A sua respiração tornava-se cada vez mais asmática e conseguia sentir-lhe uma pulsação ridiculamente acelerada, mas ela continuava sem me olhar até que por fim o decidira fazer. Aquele olhar não era de felicidade, mas também não era de tristeza. Estava inundado com uma melancolia como se estivesse aprisionada a algo, como se deseja-se fazer algo que o seu pudor impedira. Eu esboçava-lhe um e mais outro sorriso na esperança que ela mo retribui-se, mas não o fizera.
(...)
Não lhe dirigi a palavra, peguei-lhe na mão e conduzia-a. – 1, 2, 2; 1, 2,2; 1, 2, 2. – Dançamos com grande timidez e periodicamente todos os mascarados olhavam-nos. Flutuávamos, ela de cabeça baixa e eu tentando encontrar o seu olhar. As nossas máscaras estavam perfeitamente concordantes e aquela música era ideal para o nosso enredo. Passado pouco tempo ela pousa a cabeça no meu peito e eu numa única fungadela tentei absorver o máximo do seu perfume. Agarrei-a firmemente contra mim sentido o maior dos desejos, um desejo que não mais poderia ser contornado.
(...)

***

Quem disse que recordar é viver não sabia o que dizia. Quanto mais recordo mais morro, mais me afundo, mais escuro me torno e a noite consome-me. A cada passo a bruma que me rodeia torna-se opaca, vou deixando de ver aos poucos e a cada dia a minha cegueira agrava-se. Não tenho forças, já mal me levanto, as pernas fortes que outrora tinha, desapareceram e os quilómetros que fazia passaram a metros e agora a centímetros. Já não sei correr e muito menos andar, por isso não me levanto.

(...)

Volta, volta e preenche este vazio. Volta para eu conseguir sonhar outra vez, mas volta para mim. Eu prometo que mudo, faço tudo de outro modo e não te deixo sozinha a definhar. Desta vez não me isolo no laboratório e admito o que se passa, desta vez fico sempre contigo, acredita que não te deixo nem por um instante. Fica comigo? Acredita que vai ser diferente, eu prometo-te.
Está a chover. Lembraste quando ficávamos em casa a ouvir a chuva cair enquanto a lareira estava acesa? Costumávamos estender uma manda de frente para ela e ficávamos ali sentados, só nós os dois e duas chávenas de chá. Costumavas dizer que a chuva renovava e modelava, era agente de transformação, que a queda de cada gota era sinal de vida. Enganaste-te, neste momento a chuva não me traz qualquer consolo.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010


E ela está de volta aos prémios. Nomeada para melhor actriz principal para os globos de ouro, pelo papel desempenhado em Rabbit hole. No meu ponto de vista, não é uma interpretação tão fantástica como n' As Horas, mas sem dúvida muito boa. (imagem adaptada de http://www.imdb.com/title/tt0935075/)

Impressões

Era meia-noite de sexta-feira, os resultados da candidatura do acesso ao ensino superior estavam prestes a ser divulgados. Deveriam ser afixados apenas na segunda, pouparam-nos dois dias de sofrimento. A espera pelos resultados foi a altura mais impaciente de toda a minha vida, era o meu futuro que estava em causa e a minha vida profissional dependeria daquela página.
(...)
A minha avó era uma excelente contadora de histórias e eu conseguia ficar horas a ouvi-la. Desde o antigo Egipto à antiga Grécia, passando pelo misticismo de lendas que só os mais velhos sabem. Contava histórias inverosímeis de guerreiros e princesas, eu sabia que a maioria era irreal, mas não me importava e como qualquer criança o mundo do fantástico e do imaginário fascinava-me.
(...)
Periodicamente sentia aquele perfume, nunca a deixando de fitar, acabando por sentir curiosidade e ao mesmo tempo ficando petrificado. Queria desviar o olhar, mas era impossível e naquele momento já não controlava as minhas acções deixando de ouvir momentaneamente.
Ela aproximou-se, ouvia os seus passos ritmicamente descoordenados com o meu ritmo cardíaco, acabando por ter alguma dificuldade em respirar. Baixo o olhar e quando o volto a levantar, cruzamo-lo. Naquele momento consegui ver a mesma curiosidade nela, eu sentado e ela de pé parada durante alguns segundos com uma bandeja cheia, olhávamo-nos cumplicemente. Retoma a marcha, olhando-me persistentemente. De um momento para o outro tropeça no pé de um dos poucos clientes, cai de joelhos mesmo à minha frente.
(...)

***
Não. Não. Não. Disseram-me que com o tempo ia passando, mas cada vez está mais vivo. O meu desejo cresce e cresce e cresce, mas tu vais-te tornando ausente à medida que os dias passam. Vais e vens como se duma simples brisa se tratasse. Morro a cada momento, morro lentamente para que todo o tormento seja sentido, respirado, ouvido e visto.

Eu não me reconheço, olho-me no espelho e não sei quem enxergo. No que me tornei? Sou quem nunca quis ser. Pensava que controlava o que sentia, mas não fui capaz. Desiludi-me. Cheguei a desejar que nunca tivesses existido, que as nossas vidas nunca se tivessem cruzado e talvez agora eu fosse menos infeliz, menos angustiado e menos sombrio. Não sei por onde vagueio nem onde pararei.

Olá!

Porque criei o blog?

R. Talvez por causa de algum tempo disponível.

Algum interesse inerente?

R. Dar a conhecer o material que tenho escrito, uma vez que já não o quero só para mim.

O que vou colocar aqui?

R. Excertos escritos por mim, filmes e livros que achei interessante e uma ‘coisas’ relacionadas com o meu desporto de eleição.

O que desejo?

R. Desejo que leiam e que gostem de ler o meu material, que comentem e, acima de tudo que apreciem. Obrigado a todos e boas visitas.